Numa aldeia fronteira com Espanha, Vilar Formoso, corria também o rumor, tal como em todo Portugal, de que o governo fascista iria acabar.
“Era um dia como todos os outros. Liguei o rádio, para saber se alguma coisa se passava. Tal foi o meu espanto que estava a tocar uma música proibida de nome,”Grândola, Vila Morena” de José Afonso, e por isso fiquei ainda mais curiosa e continuei a escutar com atenção. Algum tempo depois, começou um noticiário, em que falavam que o governo tinha sido destituído.
Nos dias seguintes, constantemente passavam carros. Como não era muito habitual, fui à rua ver se alguma coisa se passava. Não paravam de passar carros da GNR, andavam à procura de agentes da PIDE. Sabia que os meus vizinhos eram agentes e, ao fim de algum tempo, reparei que os mesmos estavam a ser presos. Comemorámos bastante, com toda a família.”
André Afonso
